Memorial Erbo Stenzel

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concurso

tipologia: paisagismo

área: 450 m²

local: Curitiba- PR

ano: 2024

O que um memorial deve representar como espaço na contemporaneidade?
A interpretação da seguinte proposta para tal questionamento se dá ao invés da criação de um mero objeto, mas através da construção de um lugar.
Portanto, o presente certamente conforma uma oportunidade de se criar uma nova espacialidade, propícia a receber livres ocupações humanas e que seja de fato uma experimentação do espaço, reflexão e de memória, não somente uma solene homenagem.

Duas considerações pertinentes foram norteadoras para o partido da proposta:
O recebimento por parte da Prefeitura do acervo de obras do artista Erbo Stenzel, composto por uma série de esculturas no ano de 2023. E a sua implantação no Parque Vista Alegre, em meio a uma clareira rodeada pela vegetação exuberante existente, o memorial foi pensado como um jardim de esculturas. Servindo como espaço expositivo de parte da obra do artista e para receber outras obras, exposições itinerantes, oficinas de arte, eventos e outros tipos de ocupação.

A implantação da infraestrutura artística por meio do gesto arquitetônico se dá pelo desenho de uma série de muros duplos soltos entre si, que conformam um dentro e um fora, com um perímetro transicional, através de um singelo grid modular 8x8 distante entre eixos 2,60 metros. O espaço não possui somente uma entrada e saída, mas uma livre ocupação, que deve estimular o usuário a descobrir o espaço, adentrá-lo e o experimentar. Os muros ocupam a clareira respeitando os limites impostos, mas também dialoga com a topografia e vegetação ao seu redor e também considera a permanência de todas as árvores existentes. As superfícies são compostas por material mineral, em concreto armado aparente com a marcação das formas em ripas de madeira e pigmentação escura.

Como apoio a essa infraestrutura, são implantados três monólitos, de mesma materialidade dos muros, de diferentes proporções e que podem servir tanto como um mobiliário/equipamento ou suporte de uma obra. A peça mais baixa e alongada se conforma como um grande banco, servindo tanto o espaço perimetral, quanto para o jardim interno, com espaço suficiente para receber uma escultura de médio porte. O volume mais alto serve como elemento vertical, uma torre, passível também a receber apropriações, como também devido a subtração interna, guarda um espaço de abrigo para pequena homenagem. O elemento central, de dimensões intermediárias horizontalmente e verticalmente, localizado mais ao fundo do terreno é o mais distinto, tem sua superfície de piso coberta por água, conformando um espelho que recebe também esculturas sobre ele.

Ao redor dessa estrutura encerrada, está localizado o jardim de fato, através de desenho orgânico, com vegetação arbustiva e que abraça não somente os monólitos de apoio, mas também a vegetação existente e dá sentido ao projeto. O paisagismo se dá de maneira muito sutil. São preservadas as árvores existentes em sua totalidade como diretriz de projeto, assim como a forração existente. Com a implantação da infraestrutura artística, o primeiro gesto é cobrir o espaço perimetral com pedras do tipo seixo na cor preto fosco, criando um diálogo de transição entre o novo dentro e fora, assim como os muros construídos. Para o jardim de esculturas, a vegetação foi pensada de forma orgânica, arbustiva e volumosa. Com isso, a transição de um piso ajardinado com os elementos verticais, se dá através das massas arbóreas desenhadas de maneira sutil, mas que conformam um jardim que vai se transformar ao longo do tempo, assim como florescendo em diferentes estações do ano.